“O GRANDE MOTIM”, MELHOR FILME DE 1936, COM
CHARLES LAUGHTON E CLARK GABLE INDICADOS
Charles Laughton – que depois seria o inesquecível advogado
de defesa em “Testemunha da Acusação” e um inefável “Fantasma de Canterville”
num minifilme da Metro – domina por inteiro as cenas de “The Mutiny of the
Bounty”, de 1935, remasterizado e distribuído pela Netflix. O filme ganhou o
Oscar de 1936, e Laughton e Clark Gable foram indicados para Melhor Ator, num
total de oito indicações para o filme.
Laughton interpreta o raivoso capitão Bligh, nessa aventura
do século XVIII, em que seu navio de três mastros é encarregado de dirigir-se
até Tahiti, no Pacífico Sul, em busca de mil mudas de fruta-pão para
transplante e criação na Inglaterra. Bligh exerce seu comando com muita
competência nessa viagem de 23 mil milhas ao redor do mundo, mas consegue se
inimizar com a tripulação, porque não tem qualquer critério disciplinar e manda
surrar de chicote os marinheiros que cometem pequenos deslizes – às vezes
nenhum deslize.
Com isso passa a ter contra ele o imediato do Bounty,
Fletcher Christian, vivido por um Gable ainda moço, e Franchot Tone como
oficial do navio, o aspirante Bliam. O Bounty chega às ilhas, é recebido com
flores, os oficiais se apaixonam pelas moças locais, colhem-se as mudas de
fruta-pão, e Gable se revolta contra Bligh e comanda um motim, abandona Bligh
num bote, e fica nas ilhas. Bligh chega a Timor, rearma outro navio e volta
para acabar com o motim.
As cenas finais representam uma espécie de alteração na
doutrina disciplinar na Marinha inglesa, extinguindo as punições por açoite e
outros tipos de castigo aos marujos.
Tahiti e outras ilhas do Pacífico são retratadas como
paraíso, sem as ambições dos povos brancos, com moças que têm muito amor para
dar e – quase sempre – com um velho navegador branco como membro desses povos
Há uma versão de 1962, com Marlon Branco como imediato do
Bounty, mas o enredo não chega para superar a versão inicial. E Russell Crowe
surge em 2003 com a aventura “Mestre dos Mares” (Master in Command”), dessa vez
em perseguição a uma nave francesa no mesmo Pacífico Sul, com povos nativos que
se assemelham.
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